João Bermudes

explorador portugués

João Bermudes, nado no reino de Galiza e finado en Lisboa en 1570, foi un médico cirurxián, clérigo, militar ao servizo do reino de Portugal, e papa da Igrexa Etíope Tewahedo[1] e o primeiro en usar o título de Patriarca das Indias Orientais, (despois Patriarca da Etiopia, pasando aquel a ter sé en Goa). Foi tamén chamado Joan Bermudis, Joan Bermudish, Juan Bermúdez, master ou mestre João e patriarca Johannes [2]

Infotaula de personaJoão Bermudes
Biografía
Nacementoséculo XVI Editar o valor em Wikidata
Galicia Editar o valor em Wikidata
Morte30 de marzo de 1570 (Gregoriano) Editar o valor em Wikidata
Lisboa Editar o valor em Wikidata
Patriarca Imperio de Etiopía
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Datos persoais
País de nacionalidadeReino de Portugal Editar o valor em Wikidata
Actividade
Ocupaciónmédico , explorador , Patriarca Editar o valor em Wikidata
LinguaLingua portuguesa Editar o valor em Wikidata

Traxectoria editar

O galego João Bermudes dirixiu unha expedición portuguesa a Etiopía en 1520, permanecendo alí prisioneiro até 1536, ano no que foi autorizado para regresar a Portugal como enviado do emperador etíope Lebna Dengel. Desde 1539 estivo en Goa, de volta en Etiopía (1541-1556) e de novo en Europa (desde 1559), despois de visitar Roma.

Foi ordenado patriarca de Etiopía e Alexandría, utilizando en relación con el por primeira vez o título de Patriarca das Indias Orientais. Ignacio de Loiola pedira informes sobre Joãn Bermudes (Juan Bermúdez na transcrición castelá), e el mesmo quixo dirixir a Misión en Etiopía[3], porén Xoán III pediu a Clemente VII que nomease a Nunhes de Barreto, xunto cos bispos Oviedo e Carneiro (que eles mesmos serían patriarcas de Etiopía).

Sobre a vida deste cirurxián e aventureiro galego en 1760 o párroco de São Sebastião da Pedreira, escribiu o seguinte:[4]

Passou à Índia a primeira vez, em tempo do Governador Lopo Vaz de São Paio, no ano de 1526, e à Etiópia com Heitor da Silveira, quando foi por capitão do Mar Roxo, donde em breve tempo ganhou a graça do imperador David. Depois de residir lá 7 anos, veio com os embaixadores a dar obediência ao Papa Clemente III, que então presidia na Igreja de Deus. Passados alguns anos ordenado D. João Bermudes de todas as ordens por abuná Marco, e nomeado Patriarca, o Imperador o mandou por seu embaixador ao nosso Rei D. João III, requerendo a sua amizade, e pedindo ajuda, e socorro contra El-Rei de Ceilão, que lhe fazia cruel guerra e vindo por terra, em Roma, o confirmou o Papa Paulo III no Patriarcado de Alexandria. Como tal, chegando a esta cidade de Lisboa, foi recebido de nosso Rei D. João o Terceiro com grande pompa, e majestade. Segunda vez à Índia no ano de mil e quinhentos e trinta e nove. Em Goa foi recebido com a mesma pompa de Vice-Rei, D. Garcia de Noronha, e do Bispo D. João de Albuquerque, e levado à Sé com cruz alçada em um palanquim riquíssimo, que para esta entrada lhe havia dado El-Rei de Portugal. Depois de assistir em Goa dando mostras de varão exemplar, prudente, e virtuoso, até que no governo de D. Estêvão da Gama no ano de mil e quinhentos e quarenta e um, passou segunda vez à Etiópia e deteve-se no Abexim. Vendo o pouco fruto que fazia nas suas ovelhas, as amaldiçoou, e vindo para a Índia, teve no mar muitas tormentas, de que milagrosamente escapou. Desembarcado em Goa rendeu com pública demonstração as devidas graças a Nosso Senhor no colégio de São Paulo, onde esteve pousado, até que fez viagem para esta cidade, aonde chegou com próspera comodidade no ano de mil e quinhentos e cinquenta e nove, governando este Reino o Senhor Rei D. Sebastião, que se agradou tanto do Reverendíssimo Patriarca, que não consentiu saísse de Lisboa, e se retirou a este sítio, aonde passou o restante de sua vida, fazendo grandes serviços a Deus no tempo da peste. Celebrava quase todos os dias o sacrifício da missa com muita devoção, achando-se algumas vezes presente El-Rei D. Sebastião, que muitas vezes visitava o Reverendíssimo Patriarca, para gozar da sua afável, e santa conversação. Finalmente entendendo que seus dias seriam já poucos porque estava em idade muito provecta, tratou mandar fazer sua humilde sepultura à porta da Ermida, de que todos os dias tomava pose com a consideração da morte que lhe foi suavíssima em o ano de mil e quinhentos e setenta. Seus ossos foram trasladados para o cruzeiro da nova Igreja em dezasseis do mês de Outubro de mil seiscentos e cinquenta e três, depois de passados 83 anos, sem mau cheiro, e com a maior parte das sagradas vestes pontificais incorruptas.

Publicou un relato da súa estancia na corte etíope, titulado: Breve relação da embaixada que o Patriarca D. João Bermudes trouxe do Imperador de Etiópia chamado vulgarmente Preste João (1565).

Morreu en 1570 na cidade de Lisboa, sendo sepultado nunha humilde tumba que construíra fóra da capela de San Sebastián (hoxe São Sebastião da Pedreira), entón vila rural nos arredores de Lisboa.

Cando se construíu a actual igrexa de São Sebastião en 1653, os seus restos foron trasladados á nova igrexa, e na súa tumba colocouse a seguinte inscrición, acompañada do brasón de armas respectivo: TUMBA DA PATRIARCA D'ALEXANDRIA//DOM JOÃO BERMVDES FALECEO NO ANO // DE 1570 TRASLARÃO OS ÓSSOS EM // 16 DE OUTUBRO DE 1653. A carta que autoriza a consagración da nova igrexa menciona que o corpo do patriarca Dom João Bermudes, que se atopa na antiga igrexa, fora trasladado ao citado presbiterio. Aínda que o lugar sinalado estaba no presbiterio, a tumba do Patriarca non estaba alí, senón na parte baixa da escalinata de entrada ao mesmo, onde aínda está.

Cando se levantou o chan da igrexa en 1954, foi visíbel o sepulcro de D. João Bermudes, e a inscrición foi lida polo académico José Maria Cordeiro de Sousa. O prior monseñor António de Oliveira Reis ordenou entón a apertura do túmulo para o exame dos ósos, comprobando que nel estaban enterradas varias persoas, consignando por escrito o feito autodatado do 14 de setembro de 1954. [5]

Na igrexa de São Sebastião da pedreira tamén había unha imaxe de Nossa Senhora da Saúde, traída de Roma en 1539 por D. João Bermudes, Patriarca das Indias.

Obras publicadas editar

  • "Esta he hua breve relação da embaixada que o Patriarcha D. João de Bermudez trouxe do Imperador de Ethiopia chamado vulgarmente Preste João ao christianissimo & zelador da fee de Christo Rey de Portugal dom João o terceiro deste nome: dirigida ao mui alto & poderoso, de felicissima esperança, Rey tãbem de Portugal dom Sebastião, o primeiro deste nome. Em a qual tãbem conta a morte de dom Christouam da Gama: & dos successos que acontecerã aos portugueses que forão em sua companhia". En Lisboa, na casa de Francisco Correa, Impresor do Cardeal Inffante. Ano de 1565. 80 f. (reimpresa en Lisboa, 1875).

Notas editar

  1. "Juan Bermúdez, Papa en Etiopía (en castelán)". Galiciae. Consultado o 17-1-2022. 
  2. Elli, Alberto (2017). Storia della Chiesa Ortodossa Tawāhedo d'Etiopia. Terra Santa. ISBN 9788862405096. 
  3. "Comentario a las constituciones de la Compañia de Jesus, Volume 04; Capítulo VIII, Misión de Etiopía". Jesuit online Library. Consultado o 18-1-2022. 
  4. "Carta do Pároco de São Sebastião da Pedreira, Urbano José de Melo Pinto da Silva, enviada ao Cardeal Patriarca e escrita em 1760". Arquivado dende o orixinal o 21 de outubro de 2007. Consultado o 18 de xaneiro de 2022. 
  5. "Página da Junta de Freguesia de São Sebastião da Pedreira". Arquivado dende o orixinal o 21 de outubro de 2007. Consultado o 18 de xaneiro de 2022. 

Véxase tamén editar

Bibliografía editar

  • Michel van Esbroeck, Art. Bermudes, João. In: Lexikon für Theologie und Kirche, 3. ed., vol. 2 (1994) p. 263.
  • Sandra Rodrigues de Oliveira, La Mission de João Bermudes en Éthiopie: Étude et traduction de la Breve relação da embaixada que o Patriarcha dom João Bermudez do Emperador da Ethiopia, chamado vulgarmente Preste João, de João Bermudes, 1565, Mémoire de maîtrise, dir. Bertrand Hirsch, 2005, 193 f.

Ligazóns externas editar


Predecesor:
Creación do Patriarcado
  
Patriarca de Etiopía
 
23 de xaneiro de 154122 de decembro de 155
Sucesor:
João Nunes Barreto