José Joaquim Nunes: Diferenzas entre revisións

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José Joaquim Nunes nado en Portimão o 4 de decembro de 1859 e finado en Lisboa o 20 de xullo de 1932, foi un sacerdote e profesor universitario portugués, destacado polos seus trabalhos de lexicografía dialectal e histórica, pertencendo á xeración pioneira da lingüística portuguesa. Foi socio da Academia das Ciências de Lisboa[1].

Traxectoria

José Joaquim Nunes foi fillo de Joaquim Nunes do Carmo e Maria Francisca Francesa. Realizou os seus estudos básicos na súa vila natal, e despois ingresou no Seminario de Faro, onde tras concluír o curso teolóxico foi ordenado sacerdote em 1882[2].

Foi destunado ás freguesías de Estoi, Martinlongo, Castro Marim e Alferce, onde exerceu entre 1886 e 1888. Nesa época iniciouse na actividade literaria, e en 1888 publicou a obra Contos ao Lar co pseudónimo de Júlio Ventura. Os relatos están inspirados en lendas do Algarve, especialmente do concello de Monchique, como a conhecida Louca dos Pisões.

Tamén neste período iniciou a súa participación na prensa, con colaboracións na publicación local O Patriota, dirixida por António Lobo de Almada Negreiros, o pai de Almada Negreiros. Mantivo esta colaboración durante moitos anos, sendo posteriormente correspondente do xornal en Lagos[1]. Colaborou tamén na revista algarvia Alma nova: revista ilustrada, aparecida en Faro en 1914[3]. Máis interesado na docencia ca na labor pastoral, pediu o seu traslado como profesor do Seminario de São José, en Faro, mais non lle foi concedido.

Perante a recusa, resolveu concorrer a um lugar de capelão militar, sendo colocado em 1889 como capelão do Regimento de Infantaria n.º 15, de Lagos. Durante os anos em que esteve colocado em Lagos, manteve uma intensa actividade social e cultural, criando uma escola particular para estudos liceais, de que foi professor, e fundando, em 1891, o jornal O Lacobrigense, que dirigiu e editou. Naquele jornal publicou vários trabalhos relacionados com a cultura algarvia, pois dedicou-se ao estudo de temas da etnografia algarvia, sobre a qual publicou diversos artigos em vários periódicos.

A sua carreira de capelão militar levou a que fosse transferido de Lagos para Santarém, continuando paralelamente a dedicar-se ao ensino particular e aos estudos de filologia. Foi assim que também leccionou em escolas particulares de Santarém.

Colocado depois no Regimento de Infantaria n.º 17, em Beja, acumulou naquela cidade as funções de capelão com os cargos de professor interino do Liceu e de professor do Seminário de Beja.

Em colaboração com o professor monchiquense José António Gascon (1851-1931), publicou na Revista Lusitana, tomo VII (1902; separata em 1906), os resultados da recolha etnográfica que realizara no Algarve, intitulada Dialectos Algarvios, trabalho presumivelmente iniciado quando residiu no concelho de Monchique. Na mesma revista, entre abundante colaboração, em 1900 publicou também a obra Subsídios para o Romanceiro Algarvio.

Com a implantação da República, a capelania do Exército Português foi extinta o que o levou a passar para o ensino oficial a tempo inteiro. Abandonou então o sacerdócio, casando civilmente com Matilde Cardoso de Araújo Nunes.

Já filólogo reconhecido e apoiante dos ideais republicanos, em 1911 foi nomeado pelo Governo da República vogal secretário da comissão da Reforma Ortográfica de 1911.

Na continuação da sua carreira na docência liceal, foi sucessivamente professor do Liceu de Beja, do Liceu de Santarém e do Liceu Camões, em Lisboa, antes de ser colocado como professor do Colégio Militar.

Em 1913 foi eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, instituição de que passou em 1926 à categoria de sócio efectivo.

Já com uma carreira feita e uma sólida reputação académica como investigador da linguística, em 1914, com 55 anos de idade, foi nomeado professor extraordinário de Filologia Clássica da Faculdade de Letras de Lisboa. No ano de 1917, em reconhecimento do seu saber e numerosas contribuições bibliográficas, foi feito Doutor em Letras e promovido a professor catedrático e em 1928 escolhido para o cargo de director daquela Faculdade. Em 1929 retirou-se da actividade académica por atingir o limite de idade.

Na sua vida profissional destacou-se pelos seus conhecimentos de latim e de grego clássico e como um reputado especialista no estudo da Antiguidade Clássica, a que aliava um perfil discreto e uma grande capacidade pedagógica. Na Faculdade de Letras foi colega e colaborador de Leite de Vasconcelos e de José Maria Rodrigues, convivendo com lentes como Adolfo Coelho, Carolina Michaelis e David Lopes.

Já viúvo, retornou à Igrexa Católica Romana, que abandonara quando casou, tendo estado algum tempo recolhido no convento franciscano de Varatojo, mas veio a falecer na sua casa de Lisboa, vítima de pneumonía, pouco depois do seu regresso ao catolicismo.

Publicou vários trabalhos de lexicografía dialectal e lexicografia histórica e estudos avulsos de etimoloxía e de onomástica, contribuindo para o enquadramento geral na descrição dos fenómenos da fonética histórica da língua portuguesa. Também se dedicou ao estudo e à edição de textos medievais, nomeadamente obras de carácter haxiográfico, com destaque para as vidas de santos portugueses, muitas delas inéditas. Na vertente didáctica, elaborou e publicou compêndios gramaticais e antoloxías (então designadas crestomatias) destinados a serem utilizados pelos estudantes liceais. A sua vasta bibliografia versa ainda temas como a toponímia, a história e a cultura.

Como sócio correspondente, e depois efectivo, da Academia de Ciências de Lisboa, apresentou vários trabalhos de índole científica naquela instituição, à qual legou o seu espólio literário. Foi ainda membro de várias agremiações académicas e científicas e representou Portugal em congressos e reuniões internacionais. Especialista em filologia clássica era um notável poliglota, falando e escrevendo correctamente em várias línguas.

A vasta obra literária que deixou, em boa parte actual, tem sido objecto de artigos, livros e teses académicas. Alguns dos seus inéditos, sobretudo obras de literatura, encontram-se depositados na Academia de Ciências de Lisboa. É lembrado na toponimia da cidade de Portimão, onde uma rua ostenta o seu nome.

O grosso da sua bibliografia foi publicado na Revista Lusitana e no Boletim da Academia das Ciências de Lisboa, mas é autor de diversas monografias, entre as quais:

  • Contos ao Lar, 1888;
  • Crónica da Ordem dos Frades Menores (1209-1285), 2 volumes, 1918;
  • Evolução da língua portuguesa, exemplificada em duas lições principalmente da mesma versão da Regra de S. Bento, 1926;
  • Cantigas d'amigo dos trovadores galego-portugueses, 3 volumes, 1926-1928;
  • Cantigas d'amor dos trovadores galego-portugueses, 1932.
  • Chrestomatia archaica, 1906, 2.ª ed., 1921;
  • Compêndio de gramática histórica portuguesa, 1919;
  • Florilégio da literatura portuguesa arcaica, 1932.

Notas

Véxase tamén

Ligazóns externas