Tratado de Lanhoso

O Tratado de Lanhoso é un acordo asinado en 1121 entre o condado de Portugal e o reino de Castela no castelo de Lanhoso, no actual concello de Póvoa de Lanhoso.

Características editar

En 1112, logo da morte de Henrique de Borgoña, Tareixa de León foi nomeada condesa e rexente do seu fillo, Afonso Enríques, o futuro Afonso I de Portugal. Urraca de León e Castela, raíña de Castela e León, quería reclamar o condado portucalense. Logo de varias vitorias militares en 1116 e 1120, Urraca asediou Tareixa de León no castelo de Lanhoso. Esta logrou salvar o seu goberno sobre o condado portucalense accedendo a ter vasalaxe a Castela. O tratado asinouse grazas á axuda de Diego Xelmírez, arcebispo de Santiago de Compostela, e de Paio Soares da Maia, arcebispo de Braga.[1]

Para a académica Janaina Reis Alves na firma do tratado percíbese a Dona Urraca coa deconstrución da figura da muller como sexo fráxil. Urraca reinara por todo un período, enfrontou ataques do excónxuxe, subxugou a irmá e defendeu territorios, co mesmo éxito dos seus pares masculinos.[2]

"Teresa, [irmã ilegítima de Urraca I] mulher sagaz, desleal e bela, cuidou logo de explorar os conflitos dinásticos em favor de sua autoridade, induzindo Afonso de Aragão a romper com D. Urraca. Porém a crise, desencadeada pelo choque deste monarca como os nobres e burgueses de Castela, obrigou Afonso a retirar-se para os seus domínios, em Aragão. D. Urraca ficou irada com a atitude da irmã D. Teresa, que, para aplacá-la, se declara sua vassala. Em 1115, vêmo-la nas Cortes de Oviedo como infanta submissa (41:75-7). Estabelece-se o tratado de Lanhoso, pelo qual D. Teresa se reconhece vassala, prometendo defender a irmã contra os inimigos e traidores cristãos e mouros. Em compensação, D. Urraca concedia à irmã muitas terras em Salamanca, Ávila, Toro e Samora, com rendas e direitos senhoriais destas cidades. Este é somente um dos muitos exemplos de êxito da governança feminina na península Ibérica durante o período medieval. Analisá-lo e compará-lo com o conceito de sexo frágil aplicado pelo senso comum possibilita perceber que este senso comum baseia-se em uma teoria há muito ultrapassada, porém, ainda assim se trata de uma teoria e isso deve ser explicado em sala de aula, o quando, o como, o porquê da sua utilização e a benefício de quem, pois dessa forma o aluno pode refletir e construir o conhecimento de forma crítica." — (GALLI, 1997 p.31").

Notas editar

  1. "Casa Teresa de Leão". Vimaranes Guest House (en castelán). 
  2. Reis Alves, J. (2018). "Desconstrução do conceito sexo frágil a exemplo da governança na Península Ibérica". Veredas da História (en portugués). Arquivado dende o orixinal o 11 de xaneiro de 2021. Consultado o 09 de xaneiro de 2021.